terça-feira, 3 de outubro de 2017

INTRODUÇÃO À PRATICA PSICOTERAPÊUTICA


A entrevista inicial

A primeira entrevista é geralmente uma situação amedrontadora, tanto para o cliente quanto para o terapeuta principiante. É um momento de avaliação mútua no qual ambos estarão extremamente preocupados em relação àquilo que o outro pensa.
Os clientes geralmente não se sentem à vontade quando se trata de pedir ajuda a um profissional, mostrando-se tão ansiosos com relação a este fato quanto a respeito dos próprios problemas. Iniciam a primeira entrevista com uma grande variedade de medos e expectativas, muitos dos quais são bastante exagerados. Estes medos expectativas que o seu cliente traz para as sessões iniciais poderão exercer um efeito poderoso sobre você. A amplitude dos problemas poderá aumentar seu sentimento de inadequação e ignorância. Que se somará à pressão já recebida no sentido de responder de forma compreensiva e ajudar.A exigência de fazer algo se torna uma preocupação fundamental, que leva prematuramente o estudante a aconselhar, dar apoio ou estabelecer um plano de ação.
Alguns clientes irão procurá-lo sem saber a razão pela qual estão intranqüilos; poderão estar muito emocionados, confusos, temerosos e calados. Nestas situações mais difíceis, poderá ser necessário que você tranqüilize a pessoa demonstrando sua compreensão, preocupação e aceitação, e dando à entrevista alguma estrutura, antes de tentar discutir os problemas específicos que levaram a pessoa a procurá-lo.
Os clientes geralmente começam a falar de seus problemas e não conseguem continuar porque a experiência de simplesmente dizer a outra pessoa aquilo que os incomoda é, em si mesma, uma experiência extremamente perturbadora. É comum que um cliente chore logo no início da entrevista, e isto é algo que deve ser esperado por você. Nestas ocasiões, é melhor atuar dando compreensão, apoio e aceitação, e não procurar forçar a coleta de informações, a menos que o cliente o faça por si mesmo. Se este padrão persistir ao longo da entrevista, talvez seja necessário adotar a estratégia de instigar o aparecimento dos dados.
Outros clientes apresentar-se-ão com preocupações específicas ou listas de problemas que poderão interferir na coleta de informações da entrevista.


Consulta a terceiros

A fase de avaliação da psicoterapia envolve frequentemente a realização de consultas a outros profissionais ou agências envolvidas com seu cliente. A obtenção de informações relevantes sobre um cliente junto a outras pessoas, e sua utilização criteriosa e justa é uma habilidade que requer consideráveis experiências e discernimento clínico.
Há muitas razões para a consulta a terceiros como fonte de informação sobre seu cliente. Pode ser extremamente útil para seu planejamento de tratamento discutir com o terapeuta anterior do cliente as impressões desse terapeuta, os objetivos e progresso da terapia e a razão para a interrupção. Além disso, a ética da maioria das profissões determina que você deverá ter em mãos tantas informações quanto possível sobre seu cliente. Outras opiniões profissionais são consideradas exclusivamente informativas e deverão ser obtidas e avaliadas. Além disso, você poderá ser responsabilizado se algo imprevisto ocorre ao seu cliente durante o tratamento e você não procedeu à consulta que poderia fornecer informações relevantes.
Você não deverá revelar nenhum fato a respeito do seu cliente, nem mesmo seu nome, sem autorização por escrito. Pedir ao seu cliente que assine uma autorização  de fornecimento de informações de modo a possibilitar a consulta a pessoa que o tratou anteriormente é, muitas vezes, uma situação delicada e complexa. Apesar de acreditar que as informações são importantes, você não pretende prejudicar seu relacionamento com o cliente, exacerbando as preocupações deste com a confidencialidade. Esta é uma possibilidade real, especialmente nas fases iniciais da terapia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Da entrevista de pesquisa à entrevista clínica: Do conteúdo ao processo.

 A entrevista ficou conhecida por integrar a lista de instrumentos utilizados em coletas de dados nas ciências sociais, inclusive na psicolo...