O principal
objetivo do tratamento na abordagem Cognitivo-Comportamental é a remissão da sintomatologia
atualmente presente no paciente, além de auxiliá-lo no aprendizado, treinamento
e prática de novas habilidades e técnicas que poderá utilizar durante sua vida.
Desta forma, a pessoa poderá continuar empregando-as após o término do processo
de psicoterapia, de maneira que mantenha as modificações e os progressos
alcançados durante o mesmo e que permitam que ela lide mais eficazmente com próximos
obstáculos cotidianos
Faz-se necessária a
colocação destes objetivos de modo que o paciente compreenda, expondo que a
terapia possui um planejamento de tratamento com tempo limitado, além de
desmistificar a posição do terapeuta como único atuante e trazendo cada vez
mais a participação ativa do paciente. Após o paciente ter adquirido
conhecimento acerca da importância da realização dos exercícios e sua
utilização, ter tido a oportunidade de consolidar suas habilidades, conseguir
lidar com os problemas de sua vida sozinho e ter diminuição dos sintomas,
poderá se pensar e planejar o processo de alta da psicoterapia .
O diálogo sobre o
processo de alta e prevenção à recaída é abordado desde o princípio, quando é
colocado que um dos objetivos do tratamento é a sua curta duração, fazendo com
que o paciente acabe por se tornar, a partir do treinamento das habilidades
ensinadas, o seu próprio terapeuta. É feita a psicoeducação acerca de possíveis
retrocessos durante a psicoterapia, assim como após o término, juntamente com o
reforço de seu progresso e capacitação para a resolução de futuros problemas.
Ao se aproximar o
final do tratamento, é debatida em sessão a redução da frequência da terapia,
podendo inicialmente servir como experimento, de forma que o paciente possa
monitorar suas cognições a respeito do espaçamento. É possível que haja algum
grau de ansiedade com esta nova combinação, o que exige manejo e emprego de
técnicas por parte do terapeuta para responder aos pensamentos e às
preocupações trazidas. A cada sessão, a frequência é discutida e novos ajustes
podem ser feitos colaborativamente.
A retomada de algum
comportamento sintomático posterior à remissão do mesmo é chamada de recaída,
ação apontada como muito frequente após a extinção da conduta.
A
prevenção à recaída, baseada no modelo cognitivo-comportamental da recaída,
propõe estratégias e intervenções a fim de prevenir lapsos iniciais e ensinar
as habilidades necessárias para quando uma pessoa passa por uma situação
recidiva.
Nas sessões que se
aproximam do término do tratamento, então, o terapeuta e o paciente identificam
e avaliam os ganhos que ocorreram no processo de psicoterapia, bem como atuam
para prevenir que os sintomas retornem. Desta forma, o objetivo principal da
abordagem é auxiliar o paciente a identificar situações pessoais de alto risco
e ensiná-lo estratégias de coping para que o mesmo use em tais situações.
Primeiramente, há o
trabalho em cima do modelo cognitivo-comportamental da recaída no que diz
respeito à identificação de situações que propiciariam risco ao sujeito que
estivesse no processo de redução ou remissão de uma conduta disfuncional. Uma
situação de risco pode ser relacionada a locais, pensamentos, experiências, ou
emoções que facilitem o lapso do comportamento anteriormente extinto.
Dessa forma, foi
elaborada por Marlatt e equipe uma taxonomia de situações de alto risco,
baseada numa hierarquia dividida em Revista Saúde e Desenvolvimento Humano
2016, três categorias utilizadas na classificação dos episódios de recaída.
O primeiro nível
hierárquico da taxonomia citada seria relacionado à distinção entre os
precipitantes para a recaída. Marlatt e colegas encontraram diferentes tipos de
determinantes dentro da temática da recaída, divididos em dois agrupamentos: determinantes
intrapessoais e determinantes interpessoais, sendo os intrapessoais ou
ambientais relacionados às variáveis pessoais ou contextuais, como fatores
cognitivos, e os interpessoais acerca do contexto social no qual o indivíduo se
encontra. O segundo nível compreende oito subdivisões, cinco delas pertencendo
à categoria de precipitantes intrapessoais (coping em estados emocionais
negativos, coping em estados físico-psicológicos negativos, aprimoramento de
estados emocionais positivos, teste do controle pessoal, e ceder à impulsos e
tentações; e três delas equivalendo à categoria interpessoal (coping em
conflitos interpessoais, pressão social, e aprimoramento de estados emocionais
positivos). O terceiro nível da taxonomia proposta por Marlatt e equipe,fornece
uma investigação mais detalhada de alguns dos itens propostos no nível dois.
De forma a
facilitar a prevenção de recaídas, o terapeuta lança mão de certas técnicas do
início ao fim do tratamento, com o objetivo do ensinamento, reforço e manutenção
de habilidades. Assim, é proposto que tais estratégias sejam explicadas ao
paciente, e que ele procure praticá-las no seu cotidiano, a fim de ter a
oportunidade de testá-las e fortalecê-las.
Dentre as
atividades realizadas, é de grande importância, desde o planejamento do
tratamento, uma clara e informativa conceituação cognitiva do caso, numa
tentativa de esquematizar e ilustrar o funcionamento do sujeito. Com tal
esquematização, é possível que tanto o terapeuta quanto o paciente possam,
juntamente, compreender o andamento da terapia e a aplicação das mais variadas
técnicas e tarefas.
Além das atividades
mencionadas, é possível o emprego de diferentes técnicas com o objetivo de
reforço das habilidades, como: lista de méritos, cartões de enfrentamento, balança
decisional, brainstorm para a resolução de problemas, técnicas de relaxamento.
Faz-se também imprescindível o preparo para possíveis recidivas que o paciente
possa vir a ter durante ou após o término do tratamento, de maneira que o
paciente consiga lidar de maneira saudável com sintomas depressivos ou
situações conflituosas e não tenha uma recaída. É indicado que seja discutida a
possibilidade de um plano de autoterapia para quando o paciente recebe a alta,
expondo a ele a importância e os benefícios da prática contínua. A execução
acarreta a manutenção das habilidades aprendidas durante o processo de
psicoterapia, a possibilidade de resolver dificuldades e também a prevenção à
recaída.


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