O livro segue tocando em questões que envolvem limites, “normalidade”, preconceito e confiança. É lançada uma questão interessante, que me parece extremamente pertinente para os dias atuais: “Poderia um travesti ser psicoterapeuta ou psicanalista? E você iria num ou numa terapeuta travesti?”. Reflitamos: as virtudes de uma pessoa, tais como honestidade, respeito, solidariedade, confiança etc., estão relacionadas com a orientação sexual ou com o caráter? Acredito que fazer terapia com um travesti , psicólogo, psicoterapeuta ou psicanalista significaria somente ser atendido por um profissional qualificado para tal função. A pergunta no início do parágrafo, que poderia sugerir algum tipo de preconceito, envolve questões e fantasias do senso comum e estereótipos que tem uma visão de mundo, impedindo que se possam considerar outros caminhos.
Ou seja, numa visão limitada, a questão deixa de ser a qualidade do serviço oferecido e se transforma nas expectativas neuróticas que desenvolvemos dentro dá nossa cultura.
Do outro lado poderíamos questionar que tipo de paciente o terapeuta nunca deveria aceitar? Essa questão envolve um bom grau de autoconhecimento, pois precisamos conhecer aquilo que nos toca e nos abala de algum modo. Se algo nos parece inconcebível, temos de saber que isso será um grande obstáculo no processo terapêutico e o mais indicado seria encaminhar o paciente para outro profissional.

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